FOTOS DO EVENTO "O VIOLÃO BRASILEIRO"
de Ita Pritsch
Artigo sobre o show. Jornal de Artes, edição de novembro de 2014:
O Violão
Brasileiro
Estou no
Salão de Atos da UFRGS, Festival de Violão edição 2014. Aguardo o
Concerto para Violão e Orquestra de Villa-Lobos. Turíbio Santos
será o solista e a OSPA vai acompanhá-lo. Turíbio nasceu em 1943
na cidade de São Luís e, atualmente, é considerado um dos maiores
violonistas brasileiros. Enquanto espero o tempo passar, reflito
sobre a necessidade de ouvirmos os compositores de música para
violão solo. Muitos tocam violão, jovens em seus apartamentos e
praças: pop music, sertanejo universitário, rock e por aí vai. A
diversidade é extremamente importante, devemos respeitá-la e
compreender sua profundidade social. Reitero: seria relevante para
todos os tocadores de violão, amadores e profissionais, conhecer as
raízes do instrumento que está sendo tocado. O nacionalismo é
perigoso, mas as raízes são importantes! Proponho o seguinte, vamos
ouvir as composições de Garoto, Dilermando Reis, Baden Powell,
Canhoto e tantos outros compositores e intérpretes que construíram
a história do violão em nosso país? Pois bem, Turíbio Santos
chegou ao palco e vai tocar Villa-Lobos. A sonoridade da OSPA está
impecável, característica difícil de apresentar devido às
condições precárias propostas pelos órgãos públicos. O que mais
me impressiona nessa apresentação é a intenção emocional de
Turíbio Santos, tão incomum na frieza do universo erudito. Tocando
a maior parte do concerto no registro próximo ao cavalete, o som
estava com uma projeção forte. A prioridade, então, foi a intenção
dramática da sonoridade metálica do violão em diálogo com a
orquestra. Foi um belo concerto.
Iniciei
o texto comentando minhas impressões sobre a apresentação de
Turíbio Santos, propondo a audição dos compositores e intérpretes
construtores da história do violão brasileiro. Pois bem, participo
do projeto intitulado O Violão Brasileiro, idealizado pela
violonista Thaís Nascimento. A proposta é justamente apresentar em
recitais e gravações a obra dos grandes violonistas brasileiros,
entre eles: Américo Jacomino (Canhoto), Dilermando Reis, João
Pernambuco, Villa-Lobos, Baden Powell, além dos compositores
contemporâneos Daniel Wolff, Fernando Mattos, Fred Schneiter e o
vivente que vos escreve. Entre os violonistas convidados estão
Flávia Domingues Alves, Fernanda Kruger, Daniel Wolff, Nivaldo José
e Fernando Mattos. O percussionista Kico Moraes também integra o
grupo.
Thaís
Nascimento iniciou seus estudos em projetos sociais, ingressando na
UFRGS em 2012. Com apenas vinte anos de idade, a jovem violonista
comove os espectadores que têm a oportunidade de apreciar sua
performance. Quantitativamente, suas apresentaçõ s somam algumas
dezenas de performances esparsas em saraus acadêmicos no auditório
Tasso Corrêa no Instituto de Artes da UFRGS, Casa da Música de
Porto Alegre (Gonçalo de Carvalho, 22), Faculdade IDC e vagas
aparições boêmias nas tardes de Buenos Aires, na noite de São
Paulo e Porto Alegre. Tive a satisfação de escrever sua primeira
crítica que resume minhas considerações sobre sua musicalidade:
“Assistir a performance violonística de
Thaís Nascimento não é o encontro entre virtuosismo e técnica
impecável. Em sua música de extrema sensibilidade, deslumbramo-nos
com a ligação entre violão, corpo e mente. Thaís consegue
apresentar em musicalidade a extensão sóbria e poética do
sentimento humano.”
A
primeira apresentação do projeto O Violão Brasileiro ocorreu
na Sala Alvaro Moreyra em Porto Alegre, 29 de outubro de 2014.Tive a
oportunidade de apresentar minha composição Fantasia Serenata I:
Comitê Latino Americano, peça para duo de violões que integrou
meu memorial de graduação em composição, orientado pelo maestro
Antônio Borges Cunha. No palco, desfrutei da honra de dividir o
espetáculo com verdadeiros artistas empenhados em contribuir na
construção do projeto. Fiquei na expectativa de novas performances
e por certo os leitores ficarão curiosos em conhecer o projeto: esse
é o objetivo do texto. Minha crítica é no sentido de agregar. Nas
próximas edições gostaria de ouvir as composições de Garoto,
Yamandú Costa e Radamés Gnattali. Quem sabe podemos contar com a
presença de Turíbio e Yamandú? É uma boa proposta, seria
fantástico e lindo contar com suas contribuições. Deixo aqui meu
apelo para a realização das ideias expostas nesse parágrafo. A
foto que ilustra o texto é de Marielen Baldissera, da esquerda para
a direita estão: Kico Moraes, Paulinho Parada, Thaís Nascimento,
Fernando Mattos, Flávia Domingues Alves e Daniel Wolff. Agradeço a
revisão da professora Natalina Oliveira.
TEXTO DE PAULINHO PARADA / PAULO F. PARADA
LINK PARA A LEITURA DO JORNAL:
http://issuu.com/jornaldeartes/docs/jornal_de_artes_novembro_c9c5d4a6c90ac6
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